Independentemente do estado de São Paulo ser ou não o berço do esporte paralímpico no Brasil, fato inegável é sua significativa relevância no desenvolvimento do paradesporto brasileiro. São Paulo destaca-se pelo pioneirismo em diversas modalidades e por ser também um polo de fomento e descoberta de talentos paradesportivos.
Foi na cidade de Mogi das Cruzes que teve início o voleibol paralímpico, modalidade que cresceu mais de 1000% em número de equipes ao longo dos últimos 14 anos. Também foi no Estado que a bocha difundiu-se com tamanha força que hoje é necessária uma seletiva exclusiva para atletas paulistanos antes da realização do regional. Sem contar o ciclismo e a vela, que também tiveram início da cidade de São Paulo.
São paulistanos os atletas reconhecidos internacionalmente, Dirceu Pinto e Daniel Dias, respectivamente, da bocha e natação. Com suas marcas e resultados históricos, levaram o Brasil ao topo do ranking de suas modalidades. Daniel Dias já recebeu o troféu Laureus, considerado o “Oscar do Esporte”, três vezes (2009, 2013 e 2016).
Em parceria inédita, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, assinaram um convênio em novembro de 2001 e criaram o Time São Paulo. Ao longo de cinco anos 41 atletas de 11 modalidades paralímpicas foram beneficiados com ajuda de custo para atletas e treinadores, suporte para aquisição de materiais esportivos e cobertura de gastos com viagens em competições. O valor investido no período ultrapassou os R$ 21 milhões.
O resultado do investimento chegou em forma de medalhas e melhora constante das marcas pessoais dos atletas. No Parapan de Toronto, em 2015, das 257 medalhas conquistadas pelo Brasil, o Time São Paulo contribuiu com 65 medalhas, sendo 43 de ouro, 10 de prata e 12 de bronze, com destaque na natação para Daniel Dias e André Brasil, que faturaram 14 ouros juntos. Outras modalidades também foram destaque entre os atletas do Time São Paulo, como atletismo, bocha, tênis e tênis de mesa. Antes, nas Paralimpíadas de Londres 2012, eles foram responsáveis por 25 das 43 medalhas brasileiras.
Atual campeã mundial no salto em distância para pessoas com deficiência visual, Silvania Costa de Oliveira é um exemplo da estratégia de sucesso do Time São Paulo. “Se hoje eu sou a primeira do ranking mundial é porque tenho o melhor do meu lado – técnico, auxiliar técnico, massoterapeuta, fisioterapeuta, nutricionista e psicóloga. Tudo o que um atleta de alto rendimento precisa, eu tenho”, destaca. Quando passou a integrar o Time São Paulo, em 2013, Silvania era a 13ª do ranking e tinha a marca de 4,98m. Em menos de um ano, já pulava para a 6ª colocação no Mundial de Atletismo da França. Hoje ela detém o recorde das américas, com a marca de 5,20m, e está a um centímetro do recorde mundial, cravado em 1997.
Para a secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Linamara Rizzo Battistella, o legado do Time São Paulo vai além das medalhas já conquistadas e dos resultados que os atletas alcançarão nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. “O legado está, principalmente, nas vitórias que inspiram outras crianças e jovens com deficiência, que encontram no esporte, mais que lazer e competição, uma oportunidade de inclusão”.
Com este olhar para o futuro, crianças e jovens com deficiência têm nos Jogos Paralímpicos Escolares do Estado de São Paulo a possibilidade da descoberta do seu talento esportivo. Na edição de 2015, 687 alunos com algum tipo de deficiência, de 114 municípios do estado, participaram das competições em 10 modalidades.
Além de possibilitar a prática esportiva e promover a integração e o intercâmbio entre os alunos das Unidades Escolares da rede de ensino fundamental e médio em todo o Estado, os jogos definem os atletas estudantes com deficiência física, intelectual e/ou visual que irão compor a equipe representativa do estado de São Paulo nas Paralimpíadas Escolares.
O evento, organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro para fortalecer o esporte paralímpico desde a base, tem o estado de São Paulo como maior campeão. Foram quatro vitórias - 2009, 2011, 2013 e 2015, nas sete edições realizadas.
E as novas gerações de “Dirceus e Daniéis” desfrutarão de um complexo de ponta para a prática do paradesporto – o Centro Paralímpico Brasileiro. Maior legado em infraestrutura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, recebeu investimento de mais de R$ 290 milhões, entre construção e aquisição de equipamentos, e é parte importante do Plano Brasil Medalhas 2016 que tem como meta classificar o país entre os cinco primeiros no quadro paralímpico de medalhas.
Localizado no Parque Estadual Fontes do Ipiranga, em área do Governo do Estado de São Paulo, sob administração da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o Centro Paralímpico Brasileiro foi financiado pelo Governo Federal e pelo Governo do Estado de São Paulo e contou com a parceria do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
“O Centro Paralímpico Brasileiro é extraordinário. Tem capacidade para receber até quinze modalidades e foi erguido a partir de uma parceria com dois níveis de governo - estadual e federal. Quando você se atenta à grandiosidade da obra e ao cuidado com o detalhe em cada pedaço, você começa a compará-lo às melhores instalações do mundo. Tenho certeza de que o CT será do mesmo nível, se não melhor, do que os melhores centros do planeta”, afirma o presidente do CPB, Andrew Parsons.
Seguindo o conceito de grandes potências do esporte adaptado, como China, Coréia do Sul e Ucrânia, que concentram modalidades em um só local, o Centro de Treinamento Paralímpico pode receber até 282 atletas simultaneamente, das modalidades - atletismo, basquetebol em cadeira de rodas, bocha, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, judô, natação, rugby em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, triatlo e voleibol paralímpico.
Em uma área projetada com 94 mil metros quadrados, serão construídas instalações esportivas indoor e outdoor, como arena poliesportiva, quadras de voleibol e rugby, quadras de futebol e tênis, centro aquático com piscina olímpica e semi-olímpica e pista de atletismo.
A área residencial será composta por alojamentos, que contarão com 85 apartamentos; refeitório, lanchonete, lavanderia, academia e vestiários, além de outros espaços de apoio e para setores administrativos. Para os cuidados com a saúde, um Centro de Medicina e Ciências do Esporte, com consultórios para as diversas especialidades, incluindo nutrição, com capacidade para 120 consultas por dia.