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Prefácio

Da competição à inclusão

Por Linamara Rizzo Battistella*

Mais de meio século se passou desde que foram realizados os primeiros jogos paralímpicos da história do esporte mundial, em 1960. Meio século nos separa do conceito que inspirou as primeiras competições: o de tratamento clínico para traumas medulares. Hoje, indiscutivelmente, o esporte é instrumento de inclusão social, sem, no entanto, deixar de contribuir de forma substancial na recuperação e reabilitação de pessoas com deficiência.

Reabilitação, lazer, competição ou brincadeira, é certo que o esporte faz a diferença na vida de todas as pessoas, com e sem deficiência. A ciência comprova por meio de dados e estatísticas que o esporte promove benefícios físicos e emocionais, impactando diretamente no bem-estar e autoestima de quem o pratica; bem-estar advindo de ganhos físicos reais, como flexibilidade e fortalecimento muscular.

E é instrumento concreto de inclusão social e este fator foi preponderante para o governo do estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, investir munição pesada na área do esporte, do paradesporto, mais especificamente.

O maior legado paulista ao esporte paralímpico brasileiro é, sem dúvida, o Centro Paralímpico Brasileiro, construído desde dezembro de 2013. Localizado no Parque Estadual Fontes do Ipiranga, em área do governo do estado de São Paulo, conta com a parceria do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e do governo federal, com previsão de entrega em 2016, ano das Olimpíadas e Paralimpíadas no Brasil.

Configurado para ser o principal centro de excelência do Brasil e da América Latina para o esporte paralímpico, abriga 15 modalidades: atletismo, basquetebol em cadeira de rodas, bocha, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, judô, natação, rugby em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, triatlo e voleibol paralímpico.

Com instalações esportivas indoor e outdoor e alojamentos para cerca de 300 pessoas, além de refeitório, lavanderia, academia, salas de apoio e vestiários, também conta com Centro de Medicina e Ciências do Esporte, fundamental para que a estrutura seja, depois, utilizada para treinamentos, competições e intercâmbios entre seleções, além de formação de novos profissionais e o avanço da ciência do esporte.

O governo do estado de São Paulo também deixa outro legado para o esporte paralímpico brasileiro: o Time São Paulo Paralímpico, seleção composta por 44 atletas de elite de modalidades paralímpicas como atletismo, bocha, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, judô, natação, canoagem, remo e vela. A equipe é constituída por meio de convênio assinado em 2011 entre a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência e o Comitê Paralímpico Brasileiro.

Os atletas foram escolhidos entre a elite do paradesporto e, juntos, foram responsáveis por 60% das medalhas conquistadas pelo Brasil nos Jogos de Pequim 2008 e Paralimpíadas de Londres, de 2012, onde o país conquistou a sétima colocação no quadro geral, somando 43 medalhas, sendo 21 de ouro, 14 de prata e 8 de bronze. Desse total, 25 vitórias foram de integrantes do Time São Paulo Paralímpico, sendo 16 de ouro, 6 de prata e 3 de bronze, nas modalidades atletismo, natação, bocha e judô.

O apoio do estado de São Paulo foi decisivo para a melhoria das marcas pessoais dos atletas do Time São Paulo. E o legado está, principalmente, nas vitórias que inspiram outras crianças e jovens com deficiência, que encontram no esporte, mais que lazer e competição, uma oportunidade de inclusão.

* Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo