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Tiro Esportivo Paralímpico

Tiro esportivo Paralímpico

Em 1997, 21 anos após a entrada no programa dos Jogos Paralímpicos, em Toronto 1976, o tiro paralímpico teve início no Brasil, mais precisamente no Centro de Reabilitação da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Segundo a professora doutora Elisabeth de Mattos, que acompanhou o movimento paralímpico até 2001 – sendo a primeira diretora de Classificação Funcional do Comitê Paralímpico Brasileiro –, a modalidade sofreu uma certa resistência por parte dos atletas com deficiência. “Muitos não se sentiam confortáveis na prática deste esporte, uma vez que haviam adquirido uma deficiência em razão de tiros e violência”, conta.

Em 2002, o CPB investiu na modalidade para aumentar o número de praticantes no Brasil, realizando, para isso, clínicas de tiro paralímpico. O resultado veio no ano seguinte. O trio brasileiro, formado por Carlos Strub, Cillas Viana e Walter Calixto, conquistou uma medalha de bronze na disputa por equipes no Aberto de Apeldoorn, na Holanda. Em Paralimpíadas, o Brasil participou em Pequim 2008 e Londres 2012, com o paulista natural de São Caetano do Sul, Carlos Garletti.

Nos Jogos Paralímpicos do Rio, o estado de São Paulo estará representado pelo paulista Alexandre Galgani, natural de Americana. O atleta iniciou os treinamentos de tiro paralímpico em 2013, quando conheceu o então treinador da seleção brasileira, James Neto, e foi até Curitiba (PR) para receber orientações sobre o esporte, embora já conhecesse o tiro desde criança.

Alexandre, que perdeu o movimento das pernas e parcialmente o dos braços aos 18 anos, após mergulhar em uma piscina e sofrer uma lesão na coluna, é líder no ranking mundial na prova R9 (Carabina.22 – 50m – deitado – SH2).

“Sempre pratiquei esportes antes do acidente. Fui mesatenista profissional e jogador de basquetebol também. Aprendi a atirar com meu pai quando era criança, e depois do acidente praticava em um clube, mas sem pretensões. Um dia um atirador me viu atirar e me perguntou por que eu não começava a treinar para disputar campeonatos“, conta o atleta da ADDG/SP que, desde então, passou a levar a modalidade “a sério”, como ele diz, e vem se aperfeiçoando nela ano após ano.

O primeiro título veio logo na segunda prova de que participou, com a conquista do 1º lugar na I Copa Brasil de Tiro paralímpico, realizada em Curitiba (PR). Depois, somaram-se o tricampeonato brasileiro e a obtenção de todos os recordes brasileiros em sua categoria.

Garantido nas provas R4 (Carabina de Ar – em pé – SH1) e R5 (Carabina de ar – deitado – SH2) na maior competição do paradesporto, Alexandre tem feito um forte trabalho de preparação, com treinos de tiro de segunda a sábado, terças e quintas neurofeedback (técnica utilizada com eletrodos para teste de concentração) com a psicóloga, e treino físico em academia, em dias alternados.

“Estou trabalhando para chegar aos Jogos em minha melhor fase e ficar entre os três melhores”, revela o atleta que prometeu ao pai, um grande incentivador e já falecido, que seria campeão mundial. “Vou cumprir esta promessa, pode demorar o tempo que for, mas vou conseguir”.

O Tiro Esportivo paralímpico no Mundo

Administrado pelo Comitê Paralímpico Internacional - IPC e coordenado pelo Comitê Técnico de Tiro do IPC, a modalidade estreou nos Jogos Paralímpicos de Toronto 1976, com modificações no formato de disputa durante os ciclos. Mas há registros de início da modalidade paralímpica na década de 1970, na Escócia.

Em Toronto, apenas os homens competiram. Quatro anos depois, em Arnhem, Holanda, as mulheres participaram pela primeira vez, inclusive em provas mistas. Em 1984 (Stoke Mandeville e Nova York) e 1988 (Seul), as provas mistas foram retiradas do programa, retornando apenas nos Jogos de Barcelona 1992, para substituir a prova feminina. Desde Atlanta 1996, os três tipos de disputas foram novamente fixados aos Jogos: masculina, feminina e mista.

O Brasil em Paralimpíadas

O Brasil foi representado no tiro esportivo paralímpico nos Jogos de Pequim 2008 e Londres 2012, com o atleta Carlos Garletti, de Ponta Grossa (Paraná), competindo nas provas de carabina. Mas a modalidade ainda não trouxe medalha para o país.

Curiosidade Paralímpica

Embora o tiro esportivo paralímpico tenha três classes de atletas, nas competições paralímpicas competem apenas as classes SH1 e SH2.

Ficha técnica

Descritivo: Os atletas competem em eventos de rifles e de pistola em distâncias de 10 metros, 25 metros e de 50 metros, em competições mistas ou somente entre homens ou entre mulheres. O objetivo é acertar os alvos eletrônicos com armas e somar mais pontos que seus adversários. O alvo é dividido em dez circunferências que valem de um a dez pontos. As regras foram adaptadas pela Federação Internacional do Tiro Paralímpico (ISSF), sendo observado o tipo de deficiência, de prova e de distância. Para evitar doping tecnológico, o uso de próteses e órteses durante a competição é estritamente regulamentado.

Provas: Rifles e pistolas de ar, com cartuchos de 4.5mm, são utilizados nas provas de 10 metros de distância. Já nos 25 metros, uma pistola de perfuração é utilizada com projéteis de 5.6mm. Rifles de perfuração e pistolas são as armas das provas de 50 metros, também com balas de 5.6mm de diâmetro.

Classificação: O tiro esportivo utiliza um sistema de classificação funcional que permite que atletas com diferentes tipos de deficiência possam competir juntos, tanto no individual como por equipes. Dependendo das limitações existentes – grau de funcionalidade do tronco, equilíbrio sentado, força muscular, mobilidade de membros superiores e inferiores, e das habilidades que são requeridas no tiro, os atletas são divididos em três classes.

•   SH1: Atiradores de pistola e rifle que não requerem suporte para a arma.

•   SH2: Atiradores de rifle que não possuem habilidade para suportar o peso da arma com seus braços e precisam de um suporte para a arma, que deve obedecer às especificações do Comitê Paralímpico Internacional.

•  SH3: Atiradores de rifle com deficiência visual.