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Rugby em Cadeira de Rodas

Rugby Em cadeira de rodas

Considerada atualmente uma das modalidades paralímpicas que mais vem crescendo no país em razão do dinamismo do jogo, o Rugby em Cadeira de Rodas começou no Brasil em 2008, sendo que 90% dos praticantes são atletas com tetraplegia. De acordo com a Federação Internacional de Rugby em Cadeira de Rodas (IWRF) e a Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas (ABRC), a modalidade vem crescendo de forma significativa, seja em países filiados ou espectadores.

É do estado de São Paulo a equipe campeã da última edição, em 2015, do Campeonato Brasileiro da modalidade. A Associação de Esportes e Cultura Superação Gigantes (SP), os Gigantes de Campinas, sagrou-se campeã da 1ª Divisão, vencendo a equipe Gladiadores Curitiba Quad Rugby (PR). Na ocasião, participaram 110 atletas de seis estados brasileiros – Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal – de nove clubes diferentes.

São Paulo ainda conta com mais duas equipes – ADEACAMP, também de Campinas, e MSB Quad Rugby, de Bebedouro. “O rugby em cadeira de rodas tem crescido no Brasil, mas infelizmente está longe do ideal. E acredito que o mais complicado seja a aquisição de cadeiras de rodas específicas para a prática do esporte. O valor de uma cadeira de rugby fabricada no Brasil começa em cerca de 6 mil reais, e uma importada custa cerca de 15 mil reais. Como um time é formado por oito jogadores, o investimento inicial é muito alto”, avalia o jogador da ADEACAMP e da seleção brasileira, Lucas França Couto Junqueira.

Natural da cidade de São Paulo, considera-se um fanático por esportes e praticava “desde futebol de botão até boxe”, até que um acidente durante um mergulho lesionasse a medula de Lucas, tornando-o tetraplégico, em janeiro de 2009. “Fiz a reabilitação no hospital Sarah Kubitscheck, em Brasília, e lá fui apresentado a dezenas de esportes adaptados para pessoas com deficiência. Cheguei a praticar natação, tênis de mesa, bocha e basquetebol em cadeira de rodas, mas o rugby em cadeira de rodas foi paixão à primeira vista! Força, estratégia e contato. Com 9 meses de lesão comecei em um time de rugby de São Bernardo do Campo (SP), e desde então o esporte só me trouxe alegrias”.

Em relação à participação nas Paralimpíadas Rio 2016, a ABCR espera que o país esteja entre os dez melhores, avaliando como atingível a meta de ficar à frente das demais seleções sul-americanas. “Tive a oportunidade de participar do evento-teste dos Jogos Paralímpicos e senti na pele a emoção de jogar em casa. Iremos jogar contra as melhores equipes do mundo e estamos trabalhando forte para fazer bons jogos e orgulhar o povo brasileiro”, promete Lucas.

Mas antes do principal evento esportivo do ano o Brasil tem mais um compromisso internacional. A seleção brasileira participará de uma competição internacional em Varsóvia, Polônia, de 12 a 17 de junho. O torneio reunirá seleções da Europa e convidados que ainda não foram definidos pela competição.

O Rugby em Cadeira de Rodas no Mundo

O rugby em cadeira de rodas nasceu na década de 1970, em Winnipeg, no Canadá, como opção esportiva para pessoas com tetraplegia, devido à dificuldade em obter o mesmo desempenho dos atletas que possuíam menor comprometimento para realizar prática no basquetebol em cadeira de rodas.

Inicialmente chamado de “murderball”, o novo esporte foi desenvolvido a partir de elementos do basquetebol, hockey no gelo, handebol e rugby, permitindo aos tetraplégicos a prática de uma atividade física adequada às limitações desse tipo de deficiência.

No entanto, somente nos Jogos Paralímpicos de Atlanta 1996, apareceu como esporte de demonstração. A estreia oficial ocorreu quatro anos depois, nas Paralimpíadas de Sidney 2000.

Curiosidade Paralímpica

Idealizador do rugby em cadeira de rodas, o Canadá nunca conquistou a medalha de ouro paralímpica. Nas cinco edições dos Jogos que contaram com a modalidade — quatro delas valendo medalha e uma de demonstração —, os canadenses conseguiram duas pratas e um bronze.

O Brasil em Paralimpíadas

O país nunca participou com a modalidade em Jogos Paralímpicos, pela falta de tradição no esporte.

Ficha técnica

Descritivo: Assim como no rugby convencional, a modalidade para cadeirantes tem muito contato físico. Participam atletas tetraplégicos, divididos em sete classes. São quatro jogadores em cada equipe, que contam ainda com oito reservas cada, com no máximo 8 pontos (soma da classificação funcional) em quadra. Os jogos ocorrem em quadras de 15m de largura por 28m de comprimento e têm quatro períodos de 8 minutos, sendo utilizada uma bola semelhante à bola do voleibol.

Se a partida terminar empatada é realizada uma prorrogação de 3 minutos. O objetivo é ultrapassar o gol adversário – localizado na linha de fundo ofensiva e de dimensão de 8 metros –, com as duas rodas da cadeira e a bola nas mãos. Homens e mulheres jogam juntos em categoria mista. O árbitro paralisa a partida quando dois jogadores seguram a bola ao mesmo tempo ou quando ela fica presa sob a cadeira de um dos atletas.

No recomeço da partida, após uma paralisação ou um gol, o atleta tem até 10 segundos para repor a bola em jogo, passando para um companheiro. A modalidade possui ações como bloqueios, passes, dribles e fintas, que são similares às modalidades coletivas convencionais do rugby de campo, basquetebol e handebol, e que são realizados de forma constante e intensa.

Existem dois tipos de cadeiras: as de ataque, que possuem um para-choque frontal – “asas” – para dificultar que fiquem presas, e as de defesa, com acessório na parte frontal para ajudar a travar e impedir a progressão dos adversários.

Classificação: Os jogadores são classificados em sete classes numéricas, de 0.5 (menos funcional, maior comprometimento), a 3.5 (mais funcional, menos comprometimento). Cada time pode somar, no máximo, oito pontos. Para cada mulher escalada, o time aumenta seu limite em 0.5.

A classificação é baseada em: teste de banco (teste muscular realizado em toda a extremidade da musculatura superior, além do exame do alcance do movimento, tônus e sensação), teste funcional do tronco (avaliação do tronco e das extremidades inferiores em todos os planos e situações, que podem incluir um teste manual da musculatura do tronco) e teste de movimentação funcional.